Romarinho, Corínthians, Bragantino e os “esquemas” do futebol

Pre-scriptum: Estas ideias surgem no calor do 1×1, Boca e Corínthians, na Bombonera. Romarinho entrou aos 40 do 2º tempo. Foi a 3ª vez que atuou com a camisa do Corínthians (já havia metido 2 gols no Palmeiras, atuando pela equipe reserva do Corínthians). Após Paulinho roubar a bola de Riquelme, dá a Émerson q serve a Romarinho, que em seu primeiro toque na bola por uma Copa Libertadores,empata o jogo com uma cavadinha.

Após fazer sucesso no começo dos anos de 1990, o C.A. Bragantino só voltou a alcançar expressivos resultados no futebol brasileiro em 2007, quando classificou-se entre os 4 melhores times no Campeonato Paulista e ficou de fora da final do torneio após dois 0x0 contra o Santos F.C..

De fato, aquela equipe do Bragantino de 2007 era bem montada, e alguns jogadores vingaram e estão até agora colhendo os frutos daquela boa campanha. Entretanto – é preciso concordar – nada, senão estes escusos esquemas do futebol, para legitimar a transferência de 5 atletas do Braga para o Timão. Eram eles: Felipe (goleiro), Zelão e Kadu (zagueiros), Moradei (volante) e Éverton Santos (atacante).

O final daquele 2007 cruzaria novamente os destinos de Corínthians e Bragantino. O primeiro, com uma pífia campanha amarguraria um inédito rebaixamento à Série B – e os jogadores vindos por meio do esquema Corínthians-Bragantino, à exceção de Felipe, estariam entre aqueles responsabilizados pelo descenso – e o segundo, Campeão da Série C, encontraria seu parceiro comercial no próximo campeonato nacional.

Desde o último lustro, muita água já passou embaixo da ponte e muita bola já correu pelos gramados da vida. E a irmandade buona gente Braga-Timão continuou forte. Vendas e empréstimos envolveram um sem número de jogadores, ocorrendo todos os anos e por meio de esquemas pra lá de obscuros. “Ninguém sabe de nada, ninguém viu nada”, assim foram as vendas de vários destes jogadores, como a conturbada (eufemismo adorado pela imprensa, sobretudo esportiva) saída do goleiro Felipe (que foi de graça pra Portugal e depois voltou pro Flamengo), as negociações de Bill (vai sair de graça pro Santos) e de Paulinho (é do Pão de Açúcar e de mais quem? – o Bragantino não aceita jogadores sem ter uma percentagem dos direitos federativos).

Agora, o Romarinho (“fatiado” ora de um jeito, ora de outro; com contrato de 4 ou de 5 anos; pra ganhar X ou Y com comissão pra cartolagem; com percentagem de negociação futura pra Fulano; enfim, falou-se de tudo). Não se sabe a quem pertencem os direitos federativos do pequeno Romário, quanto ele recebe de fato de salário, quem impôs a inscrição dele na Libertadores, como Carlos Leite (o empresário de Mano Menezes e com ótimo trânsito no Corínthians) está metido no negócio.

Fato é que duas grandes lições ficam desta grenha toda.
1) Como a coisa caminha numa espécie de limbo legal, com alguns direitos assegurados e muitos outros não reconhecidos, as relações de trabalho e os direitos dos jogadores no futebol transformam o cenário numa perigosíssima selva, da qual só tem garantida a sobrevivência os muito espertos que conseguem ter a habilidade de se articular (jogar futebol mesmo é só mais uma destas capacidades) com as várias influências que envolvem atravessadores, negociadores, usurpadores, chantagistas, lobistas e quotistas com longa e cooperativa vida no obscuro subterrâneo futebol (em geral um cartola dura muito mais que os 12 ou 15 anos de carreira de um jogador).
2) Por mais que os “atletas de cristo” ou seus similares bons moços insistam, não há justiça no futebol (e não me refiro a estes casos em contraposição a outros clubes que possuiriam ilibada reputação – é claro que não), tampouco moral ou ética. Romarinho chegou ao Bragantino em 2011, já tinha 21 anos e disse que aquela seria sua última tentativa como jogador, caso não vingasse voltaria para Palestina (interior e SP) e ajudaria o pai numa oficina mecânica. É mais fácil acreditar que a estrela deste Silva (Romário Ricardo da Silva) brilhou e que ele é iluminado do que desacreditar destes tortuosos meandros do futebol, que fazem tantos outros bons jogadores não terem uma justa chance de atuar neste que se diz o país do futebol.

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